quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

“Abril é Evolução” é um slogan infeliz

Um slogan extravagante cujo intuito se resume a um capricho afrontoso que não respeita a causa e a compreensão do conceito da evolução. O evoluir é próprio do ser humano e da natureza, e mesmo o mais distraído dos seres se apercebe do fluir temporal que o devir histórico nos impõe. Abril e Maio e Junho, ou Janeiro e Fevereiro e Março, são todos meses de evolução, porque o ontem não é hoje, e o hoje, no futuro, será sempre passado.
O PSD/CDS ao usar este slogan quando estava no poder, demonstra bem o poder ridículo de uma máquina de propaganda quando serve um partido. Com este “slogan”, o PSD sem se aperceber, atinge o cúmulo da negação que as conquistas de Abril significam na História de Portugal. Abril tem um dia, uma data. E essa data assinala a ruptura com um obsoleto processo político e ideológico que não se soube adaptar às mudanças de mentalidade ao nível nacional e internacional, assim como das mutações politicas e económicas. Essa data inaugura um novo ciclo de pensamento. Por isso Abril não significa evolução; mas significa antes corte, reinício, transformação, vida nova e por consequência uma nova filosofia de pensamento e acção, ambas focadas na democracia. Em suma, Abril significa revolução!
Nunca um cartaz comemorativo do 25 de Abril foi tão seco e com uma intencionalidade tão mesquinhamente fascizante. A máquina de propaganda do PSD/PP e do Governo de Durão Barroso acertou em cheio no seu umbigo, escancarando as portas das suas verdadeiras entranhas ideológicas de que muitos dos membros destes partidos tem saudades, pois muitos tiveram cargos no antigo regime salazarista e ditatorial. Nunca um Governo instaurado no sistema democrático se mostrou através da sua propaganda tão chegado ao antigo regime de que parece ter tantas saudades como a líder do PSD a actual (Sra. Manuel Ferreira Leite), a quando do seu comentário que era preciso 6 meses de ditadura para fazer arrumações em Portugal (será que iria arrumar a oposição em prateleiras tipo camas de campos de concentração em prisões improvisadas?).
Por isso, e mais do que nunca, é necessário estar atento aos actos aparentemente bem intencionados de muitos “chicos espertos” que por aí andam e que vivem do sistema supostamente democrático, mas que se revelam com intenções de ditadores, mesmo que não consigam mandar nos seus próprios partidos. Devemos ter sempre em atenção que o poder corrompe, e os políticos são fracos, tanto à esquerda como à direita, por isso só o povo pode os julgar ao votar.